domingo, 21 de novembro de 2010

Poesia free....




Eww.. domigão...
Aproveitando o tempo vago aki no "emprego" (quebra-galho) para voltar a ativa no blog...
Ainda sem net mas escrevo em casa e posto aki sempre que der...
Ah sim.. to meio que trabalhando, por enquanto a grana da so pra sustentar os vicios... Hj vo sou colocar uns dos poemas que gosto pra v6 meus leitores.. (que leitores?) .. outra hora posto mais novidades.. rsrsr...

Charles Baudelaire, A voz

Meu berço ao pé da biblioteca se estendia, Babel onde a ficção e ciência, tudo, o espolio Da cinza negra ao pó do Lácio se fundia. Eu tinha ali a mesma altura de um in-fólio. Duas vozes ouvi. Uma, insidiosa, a mim Dizia: "A Terra é um bolo apetitoso à goela; Eu posso (e teu prazer seria então sem fim!) Dar-te uma gula tão imensa quanto a dela." A outra: "Vem! Vem viajar nos sonhos que semeias, Além da realidade e do que além é infindo!" E essa cantava como o vento nas areias, Fantasma não se sabe ao certo de onde vindo, Que o ouvido ao mesmo tempo atemoriza e afaga. Eu te respondi: "Sim, doce voz!" É de então Que data o que afinal se diz ser minha chaga, Minha fatalidade. E por trás de telão Dessa existência imensa, e no mais negro abismo, Distintamente eu vejo os mundos singulares, E, vítima do lúcido êxtase em que cismo, Arrasto répteis a morder-me os calcanhares. E assim como um profeta é que, desde esse dia, Amo o deserto e a solidão do mar largo; Que sorrio no luto e choro na alegria, E apraz-me como suave o vinho mais amargo; Que os fatos mais sombrios tomo por risonhos, E que, de olhos no céu, tropeço e avanço aos poucos. Mas a voz consola e diz: "Guarda teus sonhos: Os sábios não os têm tão belos quanto os loucos!"




"Embriagai-vos meus leitores,embriagai-vos"....